O espelho



Os olhos se cruzaram. Nenhum dos dois conseguia parar de fixar os olhos no do outro e se buscava enxergar algo ali que ultrapassasse o castanho que pintava o olhar. O meu coração começou a bater diferente. Descompassado, rápido, lento, não sabia divulgar ao certo. Mas os olhos ainda permaneciam vidrados naquele outro olhar como se fossem atraídos por imã. Eis que surge o desvio, acompanhado de um sorriso meio bobo e a volta a realidade e para o que se havia de fazer.
O turbilhão de pensamentos invadia a cabeça. O que será que está acontecendo? Amor? Assim tão depressa? Atração, eu diria. Mas era diferente. Sabia que nunca havia experimentado isso. Era muito mais que uma simples atração física ou de uma idealização pessoal.
O que nos separava? Um espelho. Esse era o nosso obstáculo e também o nosso grande aliado. Começa o espetáculo. A dança, a música. E não sabia se prestava atenção naquilo que estava acontecendo ou se buscava responder as minhas perguntas enquanto caçava na multidão aqueles olhos. O espelho continuava sendo a barreira que nos separava, mas auxiliava-nos para poder ver o sorriso um do outro. Um olhar, um sorriso. O que eu posso esperar mais? Não sei... Só quando encontrar o castanho profundo daquele olhar poderei falar da minha espera.

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