O carteiro



Eu era um carteiro. Batia em todas as portas das ruas daquela cidade dia após dia, ora dias chuvosos ora de sol forte. De todos os lugares que passava fazendo o meu trabalho, aquela casa branca da esquina da Rua Verde me intrigava, ninguém atendia ali. Vez ou outra, porém, via a porta aberta, corria pra pegar as encomendas de meses endereçadas para ali, mas não respondiam, e eu, coitado, não conseguia fazer meu trabalho. Devolvi o pacote pra agência e ela devolveu a quem havia enviado, mas o mistério da casa branca da esquina da Rua Verde nunca saiu da minha cabeça. Por que não me atendiam?
Anos depois me apaixonei e como carteiro dos bons que sou, procurava a minha amada todos os dias em sua casa. Ela por vezes me atendia, outras vezes não. Ela algumas vezes me tratava bem e outras tantas não. Então desisti. Desisti como fiz com as encomendas da casa branca da esquina da Rua Verde, só que no lugar de mandar as encomendas pro seu dono, mandei os sentimentos irem pra outro lugar. Eu era um carteiro, e como tal, sei que dá trabalho voltar numa casa outra vez porque não lhe abrem a porta, então, não irei continuar a tentar abrir um coração que quer ficar fechado.

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