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Mostrando postagens de agosto, 2014

O pavão

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Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. Rubem Braga, Rio, novembro, 1958

Desamar-me

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Desamar-me silencioso e frágil, ando a perder-me por entre as folhas do outono a sentir-me nas gotas inteiras de chuva a cortar-me engasgado com as palavras a cegar-me os olhos nas janelas que me cansam o mundo, desarmar-me pelos teus sorrisos desamar-me por envergonhados erros a sangrar-me nos poentes e despedidas a sair de casa e esquecer da primavera; por morrer de amor. Guilherme, no blog A ilha de um homem só