Padrões

Eu tenho que todos os dias dizer pra mim mesmo ao levantar que não tenho como te colocar nos meus padrões, e, assim, aceitar que somos duas pessoas distintas lutando para que algo bacana entre nós dê certo. Além disso, tenho que respeitar a sua individualidade, o que é SEU, e entender que somos um antes de ser dois. E isso é o difícil, porque nos ensinaram desde a mais tenra idade que deveríamos ser um só, como o princípio bíblico que diz “e se tornaram uma só carne, um só espírito”. Mas vejo que realidade nem sempre é assim. Eu gosto de viajar pelo mundo e você gosta de viajar vendo TV em casa. Eu gosto do blues, do jazz e do rock e você de qualquer coisa animada que lhe faça dançar. Eu discuto sobre astrologia, religião, política e economia e você quer apenas saber o que vai ter pra jantar ou se precisaremos ligar pra pedir a quarta pizza da semana.  Então, a única certeza é que mesmo tão díspares e opostos decidimos em algum momento nos amar e nos complementar mesmo que separados as nossas diferenças sejam cada vez mais acentuadas. Não é fácil (ninguém disse que seria), mas eu me sinto tão seu (mesmo sendo eu) em gênero, número e grau que nunca pensei que seria um dia. E assim, me vejo todos os dias reafirmando em voz alta, para que as palavras consigam ecoar no mundo (e em mim) que para amar a dois, é necessário que eu ame a um, a mim, e só assim posso entender e aceitar que não mudarei ninguém a não ser a mim mesmo. 

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