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Mostrando postagens de maio, 2018

O olhar do menino

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Ao abrir os olhos para a vida e chorar seu primeiro lamento, agudo e forte, o menino assustou-se. Vultos amontoavam em suas retinas causando-lhe confusão e para ele era mais vantajoso passar os dias de olhos fechados até que conseguisse ter discernimento suficiente para processar tudo aquilo. Dormia por horas, acordava um pouco e voltava ao sono, como se para fugir da nova realidade que o assombrava. Sentia-se protegido e ao mesmo tempo só. O tempo foi passando, o menino foi crescendo, e as coisas não melhoraram. Solitário num mundo cheio de gente, ele mantinha seu assombro no olhar. A cada novidade vista um novo susto. A vida era um acúmulo infinito de grandes novidades em velhas roupagens, mas ele não perdia a esperança de um dia finalmente se entender com ela. Seus olhos logo precisaram de óculos, condição quase natural de quem nasceu numa era dominada por telas brilhantes e chamativas, mesmo assim as lentes não o ajudaram a entender como eram as dimensões do que ele via

Mães de todo o mundo, uni-vos!

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Mães não precisam viver uma vida inteira devotada a seus filhos para serem reconhecidas como tal. Nem precisam renunciar a sua sexualidade para entrar se enquadrar a um paradigma ultrapassado de revistas femininas de 1910. Muito menos renunciar a si mesma para que seus filhos tenham suas necessidades atendidas ou largar o trabalho para voltar-se para o lar. Mãe é um dos seres mais importantes do mundo, mas não ser mãe não te faz pior que qualquer outra mulher deste planeta. Coloquem isso na cabeça de vocês. Mães são mulheres e antes do seu sexo as definir como tal, elas são pessoas, seres humanos com vontades, desejos, sonhos, angústias, alegrias e frustrações. Elas precisam sair da sombra de alguém, elas precisam deixar que vocês se virem e esquentem a sua própria comidinha, pois precisa também se arrumar para uma festa com as amigas. Ela vai te ensinar várias coisas para que você consiga se virar sozinho e não seja um imbecil dependente. Chega dessa de mãe é sinônimo de abnegaç

O restaurante lotado e nossas relações vazias

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Hoje presenciei uma das cenas mais patéticas desse nosso mundo pós-moderno. Estava almoçando em um restaurante, que por sinal estava bem lotado, quando um rapaz se aproximou da mesa de uma mulher num claro sinal de que iria se sentar ali, pois o lugar estava vago. Iria, do verbo não se sentou, pois, pasmem, a mulher fez uma cara das mais odiosas possíveis e apenas com o olhar conseguiu repelir o moço que ficou novamente sem encontrar lugar. Sim, prato na mão e sofrimento estampado na face, ele buscava um espaço onde pudesse comer em paz. Quatro mesas depois tinha um casal numa mesa conjugada. Eram duas mesas unidas e quatro cadeiras dispostas. Ao se aproximar o amigo/ marido/ amante/ namorado empurrou a mesa desocupada ao lado deles para que o rapaz a usasse e pudesse ali comer. Obviamente que não com eles, uma vez que se levantaram e trataram de pagar a sua conta, rapidamente. Sim pessoal, hoje vi que temos nojo de gente. Por que este rapaz não poderia se sentar com um desconh