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Mostrando postagens de agosto, 2018

Cartas de amor

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Já escrevi longas cartas de amor com minha inicial entrelaçadas com a de alguém, num clichê adolescente de quem acha que só se ama uma vez na vida. E coloquei ali as frases mais lindas que iam ao meu coração escrevendo com um sentimento digno dos melhores dramas hollywoodianos.   Já fui ridículo por amor. Já escrevi tantas letras de música que fossem capazes de caber em um caderno brochura de capa dura ao qual me agarrava quanto um amuleto para onde quer que eu fosse. Aquelas canções me traduziam de um jeito que eu nem mesmo sabia que fosse possível existir, e escrevê-las satisfazia o meu desejo oculto com a escrita. Hoje não me sinto mais o mesmo desejo por cadernos dessa natureza.   Já idealizei por amor. Lugares, pessoas, coisas, vidas foram pensadas por mim como reais, mas estava apenas um passo de uma fantasia que nunca se concretizou. E sabia que eu poderia escrever uma história (de amor) com todos esses elementos e mesmo assim nada disso seria real. Porque aprendi escrev

Sexo! Amor?

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Amor é divino, sexo é animal, canta Rita Lee. Antes do sentimento somos carne. Nascemos da carne. O encontro sujo de duas pélvis que se abraçaram para encontrar o gozo numa transa suja, cheia de suores e secreções. O sexo não é feito de idealização ou de pensamento, mas uma ação friccional e ficcional de corpos que se encontraram para receber prazer de maneira mútua. Simples.  No mundo animal, os seres se encontram, copulam e se soltam. Nós, animais que afirmam para todos que pensam, resolvemos burocratizar criando um mundo imaginário dentro do que é apenas pontual. Será que ele me ama? Será que estou fazendo tudo direito? E se permeiam o nosso pensamento e esquecemos que estamos ali para o êxtase e o fora.  Mas isso nos é exigido, amar, entender o outro, pensar no sexo como o ápice de um amor idealizado e blá, blá, blá, sendo qualquer coisa fora dessa curva um problema. Aí como você é fria, Júlia - dizem de mim! E eu prontamente respondo: - Meu amor, eu sou bem quente, só não s

Repartições do coração

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Quando eu tinha menos da idade do que hoje tenho, acreditava que qualquer sorriso bonito de dentes alinhados e conversa solta pudesse receber o nome de amigos. Talvez hoje não mais, quer dizer, não com a mesma intensidade. Acabo que continuo chamando todos de amigos, mas agora fico categorizando os amigos em sub-repartições numa escala de importância que inventei num domingo tedioso ou enquanto o espera o dentista nos atender.  Com o tempo a gente acaba ficando muito exigente para as coisas e de certa maneira invertendo a ordem de tantas coisas. Antes amigos para sempre e para tudo, hoje amigos para o momento. E retiro da caixa os amigos que me atenderão naquela situação em específico. É tudo questão de organização, não me tire por uma pessoa fria e calculista.  Mas há aqueles que dentro dessas subdivisões, são especiais. Esses a gente conta para ver sempre. São aqueles que você pode levar para uma banca de bar para discutirem por horas Freud, saúde pública, a situação do pla

Desconstruir-se para reconstruir (A bolha)

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Tem dias que pensar dói, contudo necessário, e hoje decidi voltar meu pensamento em como nós precisamos todos os dias desconstruir coisas e conceitos para que possamos viver de maneira honesta aquilo que desejamos realmente ser.  Quando nascemos nos dão um papel social, nos vestem com roupas escolhidas por nossos pais, que acabam por tomar outras decisões por nós, tais como nossa religião, a escola que estudaremos e outras coisas mais. Longe de criticar aquilo que nossos pais idealizaram e sonharam para nós, mas imagina como seria se nós pudéssemos ser ao menos ouvidos em situações que envolvem tão somente a nossa vida? Será que escolheríamos ser atores encenando papéis idealizados por outros? Com o tempo as idealizações migram dos nossos pais para o meio no qual estamos inseridos e aí um número maior de pessoas começam a nos exigir coisas que não queremos seguir ou que não achamos legais, mas para não nos sentirmos isolados em um mundo já tão cruel para quem tem “amigos” acaba