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Mostrando postagens de outubro, 2018

Escrevo-te

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M., Hoje não choveu, embora desde cedo uma nuvenzinha chata insistisse em esconder o sol de nós. Calor fez em demasiado, mas o dia foi triste, como são costumeiros os domingos nublados. Como estão as coisas? Espero que tudo dentro dos conformes. Essa noite me lembrei de você e, por isso, decidi me sentar à frente desta máquina de escrever e lhe redigir essa carta. Ontem ouvimos o novo LP do Toquinho, como ele tem uma voz melodiosa e harmônica, lembramos de ti e do fascínio que nutres por sua música. Mas isso não é o que venho dizer-te aqui. Tenho acompanho suas lutas, mesmo ao longe, e vejo o quão tem esmero e dedicação com o que fazes, embora não haja reconhecimento em tanto. A vida é assim, há pessoas medíocres e brilhantes, e tu estás entre o rol das pessoas que brilham. Oxalá todos pudessem ver a grandiosidade do outro e pudesse, assim, dar-lhes o devido valor, mas vivemos tempos difíceis, fundado no egoísmo cego e na falta de empatia. Então erga essa cabeça e seja capa

Onde?

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Para onde vão os nossos sonhos quando deixamos de sonhá-los? Para onde vão nossas vontades quando deixamos de satisfazê-las? Para onde vão os gritos que sufocam a nossa garganta quando não os emitimos? Para onde vão os amores quando deixamos de vivê-los? Para onde vamos nós quando não queremos ser nós mesmos?

Distopia

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  Não sabemos como tudo isso começou, embora desconfiemos. Talvez tenha sido quando os discursos inflamados deram lugar aos debates embasados ou naquele dia em que as pessoas ficaram tão cegas de ódio que não eram capazes de entender o que liam nos jornais. Pode ter sido ainda no dia em que todos ficamos espantados com as novas regras e leis que nos foram impostas para que tivéssemos segurança. Não sei, não lembro. Acabamos todos esquecendo. Tudo é fragmento. Nada parece se encaixar. Tínhamos uma vida antes disso, mas tudo parece um borrão. Temos ainda muitas dúvidas de como tudo o que vivemos hoje iniciou, só sei que em algum lugar em nós, entre a gente e no meio de tudo, acabou nos transformando nisso. Era em favor de nosso benefício, diziam, e pacientemente acatamos, como um rebanho que segue um dono, éramos ovelhas amedrontadas entregues às mãos de nosso novo pastor. Ele para nós um mero desconhecido, mas que nos conhecia a ponto de nos chamar pelo nome de batismo. Muitos de