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Mostrando postagens de maio, 2019

Silêncios

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Havia ali um silêncio ensurdecedor. As almas ao meu redor tentam fazer qualquer barulho, a tensão crescente entre eles naquele estado de profunda calma. Batiam nas mesas tentando fazer algum barulho, desenhavam figuras geométricas à lápis nas folhas que lhes foram dadas. Tudo ali os causava pânico. Com o passar dos minutos, que pareciam horas, a agonia crescia. Eles ansiavam por seus celulares como um viciado clama por sua droga, cantarolavam e tentavam puxar uma brincadeira com outro, para minimizar aquela aflição. Queriam o grito, a bagunça, o grito. Queriam o caos, as conversas, músicas altas. Não conseguiam se calar, o mundo lá fora não dormia, aqui dentro muito menos.

Não use filtro solar

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Se tivesse um conselho bom para dar aos jovens de hoje em dia, grupo do qual não me enquadro mais, seria: Não use filtro solar. Sim, Pedro Bial, isso mesmo que o senhor está lendo. Não usem filtro solar! Tomem o sol na cara, sinta a vitamina D entrar em contato com a sua pele, sinta os raios solares causarem pequenas lesões em sua cútis. Arrisquem-se. Temos vivido um momento de extremo e bobos cuidados. Cuidamos do nosso externo para que nos pareçamos sempre bem, mas esquecemos por vezes nosso interior, aquilo que nem mesmo nós conseguimos ainda decifrar. Isso precisa ser explorado a exaustão e precisamos nos arriscar para sabermos realmente de que somos feitos, do que somos capazes e o que podemos fazer nas piores e melhores condições. Então se der vontade de sair da escola, saia. Agora procure fazer algo que preencha seus dias, coloque suas potencialidades em algo maior. Essa não parece ser uma dica muito prudente de quem é professor, mas a gente acaba aprendendo mais fora dos

Eu comi o amor...

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Fui ao mercado e comprei dois quilos de amor. Cozinhei em fogo alto para que ele ficasse pronto logo. Untei uma forma e coloquei para assar. E cada vez que ele esquentava ele crescia. Usei um dos fermentos dos melhores. A massa crescia e eu me orgulhava ao olhar pelo vidro do forno. Coloquei ele em meu prato. Tirei uma foto e postei em minha rede social para que todos soubessem o que tinha feito. Então, comi o amor. Degluti, saboreei. Enchi novamente meu prato. Comi com mais avidez. Limpei o prato, raspei a forma. Eu comi o amor, todo, de uma só vez. Tive gulodice de amor. E hoje estou com azia. Júlia Siqueira