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Mostrando postagens de outubro, 2019

Ode à Arnaldo Antunes

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Preciso sentir.  Carne exposta, dor, vulnerabilidade.  Sentimentos, sabe?  Ando muito anestesiada com a rotina diária que tem se resumido a levantar e trabalhar, olhar os memes durante os intervalos do trabalho, almoçar sozinha a comida que trago de casa, olhando o relógio para não perder a batida do ponto, nova rodada de trabalho, vivendo entre o sono e a vontade de não produzir mais nada depois que comi, então me drogo com porções cavalares de cafeína que me manterá acordada até altas horas da madrugada e das quais irei me arrepender depois. Tudo isso, cinco vezes na semana. Sábado encho a cara com amigos que falam apenas de trabalho, relacionamentos e frustrações. Um sexo casual rola de vez em quando, mas tenho cada vez menos gostado dos homens que encontro, a tal ponto de pensar em como o neoliberalismo tem fodido a gente enquanto o moço tenta foder a minha boceta lá embaixo. Não, não estou virando lésbica, Deus não me deu essa oportunidade maravilhosa de nascer não gos

O capital

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Tudo em nome do dinheiro. Deus é dinheiro. Amor é grana. Viver tem um custo (morrer também). Nos drogamos para sermos felizes. Açúcar em excesso, gordura em demasia, remédios de ansiedade e pílulas de felicidade. Nunca fomos tão felizes! (disse a manchete do jornal) Qual o preço dessa felicidade? Depende. Quantos dígitos tens na conta?

Talvez

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Talvez, no seu leito de morte, nos últimos instantes desta vida, você descubra que a inevitável coragem para morrer pudesse ter sido a coragem que você não usou para viver. Talvez, no seu leito de morte, você se arrependa de ter permanecido no trabalho que te consumiu a alegria. Talvez você se doa por não ter dado um basta no relacionamento infeliz, arrastado pelos anos por medo de não saber o que pudesse vir depois. Talvez você lamente por ter se preocupado tanto com o seu peso e tão pouco com a sua saúde. Talvez você se ressinta de ter deixado passar tantos momentos que poderiam te levar além, mas que você se encolheu junto ao temor pelo que os outros poderiam pensar. Talvez esteja claro que você não se levou adiante e, agora, sem poder sair da cama descubra que você poderia ter ido onde quisesse. Talvez você perceba o quanto cultivou mágoas e culpas, raivas, angústias e ansiedades a lhe ocuparem o tempo, o peito e a te afastarem do amor-próprio - e da sua própria paz. Talvez,