Traído
O dia já
tinha dado lugar a noite. Cigarro queimando no cinzeiro, dedos segurando um
copo pequeno de bar, olhos atentos em algum ponto do cosmos e coração em alguma
galáxia perdida. Como pude ter sido enganado assim? Como pude empregar muito da
minha energia vital em algo que não me levou a canto qualquer? Perguntas
sobrevoavam a mente como aves de rapina prontas para devorarem sua presa. A
presa em questão era eu. Ingênuo que fui não conseguia enxergar nada além
daquilo que meus olhos míopes queriam me mostrar. Vi pouca coisa, visão vaga e
turva, ainda que a razão me fizesse vários sinais de SOS o coração insiste em
nos vendar.
But just a lie! Todo peixe morre pela
boca! E você morreu pelo excesso de mentiras e pela traição moral que é maior
que a física. A mim coube a responsabilidade de voltar a ver, voltar a me
enxergar, e entender que eu era além do que podia ter.
Nova tragada,
cigarro apagado com o a ponta do sapato, copo deixado com dois dedos de uma
bebida qualquer, casaco no ombro e certeza na mente de quem foi traída
novamente foi uma consciência que está cansada de apanhar, e essa não é a
minha.
Comentários
Postar um comentário