E depois do amor...
Agora nós
vamos seguir em frente, não mais dois lado a lado. Mas separados. Ainda que te
ame. Ou que você me ame. Sabia que a vida era uma tragédia e eu me espanto com
ovos sobre a mesa, com cachorros ruivos, com rosas. E você gosta de filosofia.
Você quer pensar como as coisas vieram parar no mundo. E eu tento sobreviver
dentro desse mundo, mundo de liquidificador. Estaremos misturados, pra sempre.
Ainda que a vida tenha coado nosso sumo. Beberemos e brindaremos a vida com
outros sorrisos. Com outros braços. Tua boca, que boca é essa que jamais
sentirei. E a minha que também não sentirás. A vida me anestesiou, a cada
pequena tragédia foi me preparando para o que era certo. O final. Estamos no
ponto final? Sempre podemos pegar o mesmo ônibus, com sorte e rever aquele amor
secreto que guardamos em olhares espiados.
Como ontem,
passei pela rua e a lâmpada piscava. Pensei em nós. Sabia que estávamos
piscando. Hoje eu passei e a lâmpada queimara. Estava escuro e suas mãos foram
pra longe. Você se apagou. Eu me apeguei. Eu sofreria mais um pouco, quem sair
por último que desligue a luz. Sobrou pra mim a tarefa de soprar a pequena
flama de uma paixão que se prometia eterna, e foi enquanto durou. Esses clichês
cheios de poesia.
Quando
escrevia pensava que podia te colocar dentro de todas aquelas coisas, agora eu
sei que a arte é maior do que qualquer amor. Roberto estava certo, ficaram as
canções e você não ficou. E é tão pouco que posso falar. Que vai minguando as
possibilidades da escrita. Da língua. Das nossas línguas separadas.
Agora
vivo o Amor, sem ninguém por perto. E não tenho mais medo da vida e nem do
perigo que é viver.
Caio Augusto Leite
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