Alimentando pássaros, entendendo a vida



Um senhor, de idade já avançada, tinha um hábito de sentar todos os dias, próximo do horário do pôr do sol, em um dos bancos da praça central a fim de fazer o seu ritual vespertino de alimentar os pássaros. Bastava que ele sentasse no banco e em poucos minutos uma revoada de passarinhos como por aviso ou hábito mesmo, se aproximava dele uns até comendo em sua mão.
Um biólogo, daqueles mais chatos, vendo a cena, aproximou-se do senhor e disse:
- Não vê que os animais criaram um mau hábito e se acostumarão com o alimento que trazes que chegará o dia em que perderão suas habilidades para coletar seu próprio alimento?
O senhor perguntou:
- Você tem filho?
- Sim, tenho. Dois. – respondeu.
- São pequenos ainda não é?
- Sim! Mas o que isso tem a ver com a conversa? – indagou o biólogo, já nervoso.
- Quando seus filhos crescerem entenderá que o que faço não é nada mais que um pai faz com seus filhos, embora não seja pai de nenhum desses pássaros. Os filhos crescem e como esses pássaros voam em busca de outros lugares, outras oportunidades, mas sempre voltam onde acham segurança, carinho e amor. Assim, esses pássaros voltam todos os dias, muitos que não conseguem voar direito e por isso são dependentes deste alimento, e aqui encontram uma forma de sanar alguns dos problemas que encontram. Entendeu?
O velhinho veio falecer anos mais tarde, mas os grãozinhos de alpiste e girassol vinham agora de um biólogo com filhos crescidos.

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