Broken
Já perdi as
contas de quantas vezes, de maneira desinteressada saí por aí dando o meu
coração. A cada momento passado com seu novo dono ele voltava mais machucado e
sangrando e eu pacientemente o curava dispensando-lhe o melhor dos cuidados.
Mas não conseguia aprender a lição, novamente me via ali na rua com um enorme
cartaz em torno do pescoço com letras garrafais: Acolha esse coração! E
acolhiam, só não cuidavam. Como planta que a gente compra na floricultura por
achar bonita e ao se esquecer de colocar água todos os dias ela vai murchando
até o dia de virar apenas galhos secos sem vida. O meu está sem vida.
Acho que é
melhor assinar num papel e declarar aos meus familiares e amigos que doarei meus
órgãos. Só assim terei certeza que ele mesmo machucado terá serventia em um
corpo de alguém que o cuidará melhor do que eu e a quem ando o dando.
Júlia Siqueira
Comentários
Postar um comentário