Casa vazia



Silêncio em casa. Não ouço mais os passo rápidos pela escada quando chegava para me beijar depois de um longo e agitado dia. Os móveis parecem ter incorporado minha solidão, daqui da cama os vejo em tons de cinza e marrom sem graça, talvez, penso, assim como eu, eles também sintam falta de seu toque, sintam falta de você.
As flores do vaso no aparador da sala jazem secas e seus pedacinhos são levados pelo vento que entra pela vidraça quebrada, aquela que foi quebrada durante aquele futebol com as crianças no quintal e que você nunca tinha tempo pra consertar, e, que quando reclamava, dizia entre beijos e carinhos que em dias quentes a sala ficava mais fresca com o vento que vinha do buraco do vidro.
Hoje me sento aqui na cozinha, xícara entre as mãos, vontade nenhuma de comer e me lembro desses nossos detalhes, e do dia em que você me abraçou aqui nesse mesmo lugar e se despediu pra não voltar nunca mais. Restam-me então, migalhas. Migalhas de mim, farrapos de amor presos nas ferragens ou nas engrenagens enferrujadas do meu coração. E a casa, continua em silêncio, mas minha alma continua gritando por ti.

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