Decepção
De todas as dores que sinto,
as físicas e as da alma, nada tem um sangrar mais latente que a da decepção.
Ela corta e perfura a carne como abridor de latas enferrujado quando
pressionada sobre a carne. Primeiro dói de maneira lancinante e depois vai
fazendo sangrar aos poucos, minando sangue por entre as feridas recém-abertas, uma,
duas, centenas delas, feitas de maneira minuciosa perpassando pelos chacras e
pontos de dor, para que haja mais sofrimento e agonia. Como Prometeu preso no monte tendo uma chaga aberta em que o abutre vem comer, tenho uma chaga maior que alimenta as dores da decepção.
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