É hora de se desligar.
Há algumas
semanas atrás, em uma reunião, eu escrevi alguma coisa na minha agenda sobre o
medo que eu tinha de que as novas gerações perdessem o tato pras coisas rotineiras
por conta do acúmulo de tecnologias e o uso das mesmas na educação.
Lembro que existia algum slogan por aí que
falava “que a tecnologia aproxima” e outro que dizia que a tecnologia “facilitaria
a nossa vida”. Realmente, ela facilita, mas distancia. Distancia-nos de nossas
vivências reais, do ouvir a voz de alguém, de sentir a vibração das reações e
mudanças de tonalidade da voz, de visualizar a expressões faciais, de perceber
o riso frouxo ou a vergonha estampada. Impede-nos de interpretar outras
leituras que não sejam aquelas na tela do computador ou no celular. E
percebemos que estamos, contraditoriamente, mais rodeados de “amigos” e vazios
de presenças.
Vejo pessoas sendo vendidas em cardápio
virtual, em que o prato principal são elas próprias, mudando a apresentação do
prato conforme o gosto do freguês, até o ponto de não saberem quem são. Outras,
com medo de socializar com um estranho no ônibus porque a conversa no
aplicativo é sempre mais interessante ou não consegue sustentar uma conversa
com os amigos num barzinho depois de uma semana cansativa, pois tem que checar
religiosamente o celular em busca de uma nova foto ou mensagem.
Não me excluo
totalmente de tudo que disse acima, apenas tenho mais medo. Temo agora, não pelas
gerações que virão depois de nós, mas sim nós mesmos que andamos esquecendo
como viver fora do virtual.
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