Caminhos distintos
Eu não sabia
o que era me apaixonar de verdade até o dia em que nossos caminhos se
entrelaçaram. Sempre acreditei que amor era algo reservado aos livros de uma
época distante da literatura e que atualmente era algo tão démodé quanto
clichê. Amar a ponto de dar a vida? Pobre Julieta. Amar a ponto de aceitar uma
traição. Pobre Jorge... Basílio e Luísa são mesmo uns vermes – pensava.
Foi aí em
meio aos meus dramas literários que te encontrei e vi que tudo isso era possível.
Meus órgãos, minhas células pareciam criar olhos, ouvidos e outros tantos
sentidos novos para poder sentir o calor que vinha de você. Minha alma era de
reencontro, como se estivéssemos predestinados desde antes dessa vida a nos
encontrarmos nessa. Era tudo tão sincrônico e perfeito que máquina alguma
projetada por ser humano algum era capaz de mensurar, quantificar, qualificar o
que existia ali. Porém, os finais felizes se reservam para as últimas páginas
dos livros e no meio tem sempre algo para separar, atrapalhar, interromper
aquilo que é extremamente bom. Conosco não foi diferente.
Tomamos no
meio da estrada caminhos diferentes. Cada um pro seu canto e Deus olhando por
nós. Hoje, contudo, Ele fez a graça de nos juntar numa reunião qualquer dessas
de trabalho, mesmo tendo profissões distintas. Dessas loucuras da vida que são
incompreensíveis a qualquer pessoa. Os olhos iguais quando pousaram nos meus,
fizeram meu sangue ferver e minhas faces rubrarem como em ebulição. Você
sorriu, eu ganhei o meu dia. Lembro que uma vez ouvi de um senhor, já de idade,
que o que é seu sempre acha um meio de chegar até você, como o rio que contorna
situações difíceis para beijar o mar. Que eu seja o rio e que nossas bocas se
encontrem num prenúncio de um final feliz.
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