Sobre viajar...
Dia desses,
cansado do marasmo da cidade e de lugares comuns de gente igual, peguei minha mochila
e peguei a estrada. Sim existia um rumo, sim existia uma conversa sobre onde
ir, mas as passagens foram adquiridas horas antes de embarcar e a bolsa
arrumada exatos 45 minutos antes de pegar o táxi para a rodoviária. Coisa de
uma mente displicente que é a minha. O destino era Minas Gerais e a primeira
parada Brasília. Ao chegar lá, parti para a papelaria comprar uma caderneta e
uma caneta, a intenção era anotar números de telefone, uma vez que não gravo
nenhum número na mente, mas acabou que se transformou num bloquinho de
impressões. Ali eu anotava tudo. O mais divertido de viajar sozinho é que a
viagem é uma descoberta particular, você não conhece ninguém, não sabe como as
pessoas agirão a cada indagação, faz amizades de uma vida inteira em apenas 3
minutos e se vê ali contando a sua vida para um desconhecido.
Em Minas eu
esqueci o meu carregador em uma cidade e fui para outra (eu sempre esqueço as
coisas) e me vi em uma situação em que a tecnologia se tornou dispensável, o
desconectar-se ainda que de maneira forçada me fez entender que muitas coisas
nos escraviza e nos condiciona como essencial. O celular naquele momento não
era, nem a sua câmera, afinal os registros mentais foram melhores e são tão
meus que de maneira egoísta não quero dividir com ninguém.
Relembro que
uma cartomante ao ler minha mão, disse que este ano eu viajaria bastante e que
seria bom para mim. Após desconsiderar outrora, hoje entretanto eu só agradeço.
É bom quando a viagem de conhecer lugares nos dá a oportunidade de conhecer melhor
a nós mesmos. Desbravemos.
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