Amores líquidos

Acabei de ler o livro Amores Líquidos do sociólogo polonês Zigmunt Bauman e terminando o êxtase ao finalizar mais uma obra dessas, eu digo apenas três palavras ao final de 183 páginas: Li apenas verdades. Os relacionamentos aos quais ele discorre e nos são tão familiares são fluídos e efêmeros. A busca incessante da pessoa perfeita nos torna cada vez mais descartáveis em um mundo de prazeres passageiros e pessoas frívolas. E no final ou você se adapta a esse meio ou corre o risco de ficar só.
Em cada parte do livro ecoava em minha mente as palavras da minha terapeuta certa feita: “amor é pra quem tem culhões.”. Tais palavras são a mais pura realidade que visualizamos no dia a dia. Os relacionamentos hoje se tornam cada vez mais frustrantes porque não existe amor e sim um apego exacerbado, uma carência extrema. O vazio de si espera ser preenchido pela presença do outro sem nem perceber que pra te encher o outro terá que se esvaziar. O namoro é pautado em uma vida à dois sufocante em que o parceiro precisa anular a sua subjetividade, pois o outro não gosta. Saulo Fernandes nunca foi tão feliz em uma música como em Não Precisa Mudar e como diz a música é necessário adaptação ao gosto e ao jeito do alheio para assim conseguir ser dois sendo um. E adaptar não é se anular.
Talvez a mágica, a eureca dos relacionamentos seja esta: Amar-se mais que aos outros, ser você mesmo com toda a sua autenticidade e defeitos, e alguém querendo relacionar-se com você, que tenha “chulhões” para no lugar de te preencher, te transbordar.  

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