SOS Educação

Numa semana em que alunos são surrados por fazerem um protesto contra o fechamento de escolas, paira sobre nós, além de uma indignação, uma tristeza por perceber que o mundo a cada dia mais se torna um lugar incoerente e difícil de entender. O senso de comunidade já não existe mais, uma vez que passamos a viver apenas observando os nossos próprios interesses. Em meio educacional não seria diferente.
A educação convalesce a cada dia, por conta de que, dia após dia, vemos que alguns, ditos profissionais, vislumbram nesta a possibilidade de ascensão social e não de melhoria ou mudança coletiva. Explico: a educação brasileira precisa de índices e se sustenta neles e não em qualidade. Uma nota, um número, nem sempre corresponde à excelência, se assim fosse, não teríamos gênios que em suas escolas eram alunos medíocres. Mas a nota de que trato não é essa. Uma escola precisa de números de aprovação para receber verbas complementares para melhoria de suas atividades curriculares. Ótimo. Entretanto, isso pressupõe que alguns alunos serão progredidos mesmo não sabendo muito. Já perceberam o número de pessoas que escrevem mal nas redes sociais e são graduadas? Ou ainda aqueles que não conseguem compreender textos curtos ou fazer cálculos simples?
Nas escolas, o aluno muda de nível porque ela precisa cumprir uma meta. O prefeito cobra à secretaria de educação, que cobra à direção escolar, que cobra à coordenação pedagógica, que cobra ao professor, que cobra ao aluno, que cobra aos pais, que cobra da escola um ensino melhor. E o conhecimento? Não falamos dele. Parece que ele se tornou menos importante. O importante aqui é mostrar que a escola é padrão, é modelo, ainda que ela não sirva à comunidade além das suas possibilidades, mesmo que ela não dê à sociedade bons profissionais, e sim pessoas que nada sabem e são presas fáceis do dinheiro rápido e das oportunidades baratas.
É notório que a educação pública brasileira urge de uma reestruturação em todas as esferas. Fica evidente a cada dia o descaso crônico e o comodismo de uma sociedade inteira, desde o pai considerando a escola um depositário de seus filhos às gestões nada democráticas de indivíduos que temem perder seus cargos, e, assim, sua pose institucional.
A educação não precisa de covardes, mas de pessoas que lutem, briguem, não temam trazer o melhor, saibam ouvir as críticas de maneira altiva, saibam ter autoridade sem ser autoritários e nem muito menos se escondam atrás de títulos ou nomeações. A educação agoniza, cabe a nós ajudarmos a salvá-la. 

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