O ano que ainda não acabou...
Em janeiro tínhamos
o desejo de que as coisas melhorassem e que não ficássemos presos numa
continuação tão ruim quanto o ano anterior, alimentando hora após hora, minuto
a minuto, essa certeza em nossos corações. Mas não foi assim. Tivemos a forte
certeza, com o passar dos meses, de que o que já era péssimo, conseguiria uma
forma ficar pior. Racismo, intolerância religiosa, violência, bipolarização
política, desigualdades, mortes, doenças, choro de mães que viram seus filhos
morrerem em sua frente, corações dilacerados por ter que procurar refúgio em
países que não os aceitam. O mundo mostrou sua pior face, como se estivesse
cansado de exaustivamente maquiar o seu verdadeiro eu.
Talvez eu
esteja sendo muito pessimista. Sim, de fato, aconteceram coisas boas e tivemos
bons momentos. Mas os tivemos apenas como paliativo de nossas próprias
misérias. As coisas poderiam ter sido melhores, acredito, se as nossas
esperanças não ficassem apenas atreladas as nossas esperas. Esperar que o outro
não mate, que o outro não maltrate, que o outro mude. Esperamos muito dos
outros neste ano que se finda e não fizemos nada para que a esperança brotasse
em nossas ações. Ficamos sentados vendo o mundo passar, preocupados demais com
os nossos egos inflados entre selfies e
textões de rede social, ambas vazias em si mesmas.
Daqui a
algumas semanas, quando um novo número se colocar diante de nós no calendário e
um novo ciclo se iniciar, começaremos a nova trajetória de esperas. Espero que
nós consigamos ser essa mudança que tanto clamamos, que tanto almejamos e
precisamos, para que finalmente se finde este ano que ainda não acabou.
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