A voz das estradas
O menino
arruma cuidadosamente sua mochila. Era uma manhã quente de verão e ele tentava
acomodar nos espaços já cheios de sua bagagem algumas coisas que achava
importante. Aperta daqui e dali, puxa rapidamente o zíper do compartimento
maior, e pronto. Olha por um momento, em silêncio, o espaço que outrora estava
cheio, agora se esvaziar a seus olhos. Respira, coloca sua mochila nas costas,
toma seu casado e sai do ambiente.
Sai em busca
do porvir. Mergulha no desconhecido. Senta ao lado de sua mãe entre o cachorro
e a marcha velha da caminhonete conduzida por seu pai. Olha pros dois, que o
retribuem com um sorriso. Ele entende. O balanço constante do carro tentando
desviar dos buracos da rodovia o faz despertar, uma cômoda e tranquila vida,
nem sempre é feliz. Transformações são necessárias, ainda que bruscas como
essas.
Os buracos da
estrada lhe diziam entre um balanço e outro do carro que uma sacudida desperta
e todo fim é um recomeço. Mudar, recomeçar e viver são as três leis universais.
Era isso que ele queria? Não! Mas era disso que ele precisava.
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