Problematizações dispensáveis
Há um tempo
li em algum lugar, talvez nesses livros de autoajuda baratos que vendem nas
bancas de jornal e dos quais admito que num passado, não tão distante, fui
leitor assíduo, que não se deve exigir de alguém qualidades das quais ainda não
possui. Acho essa frase muito pertinente dada à conjuntura (des) humana que
vivemos.
Exigimos do outro tantas coisas das quais nem
ele e nem nós nos encaixamos ou ousamos possuir (mas cobramos do mesmo jeito),
maximizando isso, por vezes, nas relações de amizade. Constantemente,
determinamos a forma com que o outro deve agir conosco, sem ao menos entender
se nessa relação agimos do mesmo jeito, e frustramo-nos constantemente por
nossos interesses não serem alcançados. Fulano não me trata da mesma forma com
que eu o trato, não existe reciprocidade em nossa relação e mais um blábláblá
que denota uma carência mal curada infinita.
A coisa seria mais bem aceita e compreendida
se nós não esperássemos demais do outro, se a caixinha de surpresa que é o ser
humano fosse realmente levada a sério. Explico: não almejando um retorno de nossas
ações e entendendo que o outro pode agir de qualquer maneira eu minimizo o meu
sofrimento ao achar que tudo pode acontecer (inclusive nada). E vida que segue.
A vida é tão simples, preto no branco, mas a gente que acaba inventando e
problematizando mais de cinquenta tons cinza entre essas duas cores.
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