Onde estou?
Não, eu não
me importava, poderiam dizer o que bem quisessem eu estava ali, firme, rocha
que não se altera por qualquer abalo sísmico. FIM. Perceberam que a palavra
IMPORTAVA está no passado? Pois é. Hoje eu me importo. Tenho dado ouvidos a conversas
e olhares alheios quando passo na rua. Tenho visto infinitos tutoriais de
comportamento, moda, beleza e mais um monte de coisa que sei que não usarei.
Sigo dietas, gasto com comidas fit,
treinos do momento e aplicativos que insistem em me dizer que preciso apenas
deles para ser feliz.
Procuro minha
autoestima nos escombros de mim. Cadê aquela pessoa que se importava apenas se
as roupas estavam limpas e bem passadas? Cadê aquele ser que comia por
felicidade sem se importar com as calorias contidas nos alimentos? Eu que não
tomava Ômega 3 e nem poli vitamínicos para as unhas, pois sempre achei-as
bonitas para isso, hoje viro o frasco de pílulas coloridas de felicidade goela
abaixo. Ouço músicas que pioram meu estado de espírito, de “na bad” pulo para o
depressivo-suicida, ainda que não tenha coragem de fazer um mínimo corte em
qualquer parte de minha pele, afinal seria um dinheiro mal investido dilacerar
minha pele tratada pelos caros cosméticos suíços.
E agora? O
que faço? Como volto e reinicio esse jogo que não sei como finalizar? Onde
consigo encontrar a minha desimportância das coisas? Qual é o botão de mandar
esse mundo à merda e voltar a me enquadrar em minhas próprias regras torpes,
malucas e, ainda assim, sensatas? Perguntas... Sem respostas, é claro.
Júlia
Siqueira
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