Crescer dói

Crescer dói. É uma dor que rasga a alma e nos faz deitar por horas em posição fetal ouvindo qualquer faixa melancólica de Adele em volume máximo. Cadê meus pais para me tirar dessa enrascada? Cadê aqueles que iriam me proteger por toda a vida? Vazio. Olho pro lado e não vejo ninguém, olho-me no espelho e vejo refletido ali a imagem de alguém que não é capaz de resolver seus próprios problemas, mas terá que fazê-lo mesmo assim.
Crescer dói e é uma dor recorrente. Trabalhar para pagar as infinitas contas que se multiplicam no aparador da sala, cozinhar seu próprio alimento ou viver de fast-food por longos dias até se tocar que precisa colocar toda sua força em se levantar para fazer as compras da semana.  É limpar sua casa ou apenas juntar as roupas lavadas em uma cadeira ao lado da cama e olhá-las por horas sem ânimo para organizá-las no guarda-roupa.
Crescer dói e você precisa se curar sozinho, seja quando o seu coração foi partido ou quando as gripes te derrubam tanto que mal consegue levantar da cama para fazer um chá de saquinho. Você precisa ainda curar as mágoas existentes, lembrar que o mundo gira e que as coisas mudam e que você, só você, é responsável agora por sua vida (e isso é de um assombro medonho). Crescer dói, é verdade, mas só com dor que a gente se modifica e aprende a caminhar por essa vida. 

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