Faxina
Rasguei todos os papéis acumulados, ordenei as roupas por cores, alinhadas como se tivessem dispostas em uma loja de grife, lavei as cortinas da sala, troquei a roupa de cama batendo de leve nos travesseiros para sentir o cheiro de lavanda que tem o amaciante novo que comprei. Fiz uma faxina externa para que eu possa abrir espaço para uma dentro de mim. Peguei papel e um lápis já gasto e me sentei na cama, para escrever o que eu quero fazer a partir de hoje – um sábado de chuva, de céu cinza cheio de nuvens -. Na primeira linha escrevi que pararei de me importar com opiniões alheias, afinal o peso das escolhas cairá sobre os meus ombros. Me afastarei de algumas energias, de pessoas que vampirizam, intoxicam com queixas e lamentações infinitas. Correrei léguas de quem se inquieta com as minhas conquistas, quem se sente pequeno diante do brilho alheio, quem maldiz e maltrata. E estudarei com afinco, lerei com voracidade, como quem consome uma droga após dias de abstinência. Plane