Ode à Arnaldo Antunes
Preciso sentir. Carne exposta, dor, vulnerabilidade. Sentimentos, sabe? Ando muito anestesiada com a rotina diária que tem se resumido a levantar e trabalhar, olhar os memes durante os intervalos do trabalho, almoçar sozinha a comida que trago de casa, olhando o relógio para não perder a batida do ponto, nova rodada de trabalho, vivendo entre o sono e a vontade de não produzir mais nada depois que comi, então me drogo com porções cavalares de cafeína que me manterá acordada até altas horas da madrugada e das quais irei me arrepender depois. Tudo isso, cinco vezes na semana. Sábado encho a cara com amigos que falam apenas de trabalho, relacionamentos e frustrações. Um sexo casual rola de vez em quando, mas tenho cada vez menos gostado dos homens que encontro, a tal ponto de pensar em como o neoliberalismo tem fodido a gente enquanto o moço tenta foder a minha boceta lá embaixo. Não, não estou virando lésbica, Deus não me deu essa oportunidade maravilhosa de nascer não gos