Vai passar
Já perdi as contas de quantos maços de cigarro fumei. Desde que tudo isso começou, alterno entre o fumo e a bebida, de modo que sequei todas as garrafas disponíveis aqui em casa, uma a uma, dia após dia. E já não sei se devo sair para comprar mais nicotina embalada. Parece que o tempo parou e sigo me arrastando junto com ele, enquanto olho os ponteiros se moverem vagarosamente no relógio da sala. Sinto-me preso a este lugar. Cheguei a calcular quantos metros distam da janela da minha sacada até o chão e quais seriam os efeitos de uma possível queda. Quais ossos quebrariam? Quais traumas? Em quanto tempo a ambulância viria até mim e me levaria para um rolê aleatório em um hospital, com gente indo e vindo escondidas por suas máscaras e seus rostos cheios de pânico e terror? Demovo da ideia rapidamente, tenho ojeriza a hospitais. Decido desligar a TV, não quero mais más notícias. Tento ler um livro, porém desisto na página 12. Acho que assistirei uma série pelo celular, mas aca