Ama-se só
Ama-se a ideia, o lugar, o sabor, o toque, o cheiro. Ama-se a sensação
tátil do cobertor abraçando o seu corpo, do travesseiro acariciando sua cabeça
num hotel 4 estrelas da última promoção do Booking.
A pupila dilata pelo conjunto da obra de Michelangelo, a visão rápida da
arquitetura catalã, o azul extasiante das praias tailandesas, o colorido dos
pratos mediterrâneos. E tudo isso pode ser feito só. Porque se ama só. Se ama o
abstrato, a ideia, o não palpável. Se ama a elucubração, a palavra dita, a
expressão de gozo no rosto do outro. Se talvez pudéssemos ver nossa própria
face não sendo em um espelho, gostaríamos mais de nós e não ficaríamos
mendigando carinhos externos, quando eles são apenas fruto da necessidade
fisiológica individual de se agradar.
Ama-se a ideia, o lugar, o sabor, o toque, o cheiro, não pessoas.
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