Eu sou tagarela! Tú conversas? Ele conversa! Nós conversamos? Eles Conversam!
Sem falsa modéstia, conversar é um dom natural que possuo. Quando eu aprendi a falar (lá pelos 11 meses de vida) minha avó (e a Bahia toda) já sabia que eu daria trabalho na escola. Desde aquela época eu conseguia conversar com a sala toda e ter assunto e fôlego pra tanto. Minha mãe quando era chamada nas reuniões de pais, ouvia sempre a mesma ladainha: - Converse com o seu filho, peça pra ele controlar a conversa na hora da aula. E ela dizia: - Mas ele faz as atividades, nunca tira notas baixas? – Isso é um caso a ser estudado! E até hoje é assim. Na faculdade, vejo os olhos condenatórios dos professores enquanto atravesso a sala para conversar com outro colega.
Às vezes converso demais, que acabo atropelando as pessoas (só às vezes mesmo), mas isso é coisa típica de aquarianos, relevem! Embora, eu seja réu confesso em tagarelice ou tenha engolido a pílula falante da Emília do Sítio do Pica-Pau Amarelo, eu aprendi a escutar as pessoas no seu silêncio. É isso aí... no silêncio. Ultimamente as pessoas tem se calado demais, talvez com medo de mostrarem realmente o que são logo assim de cara, mas mesmo assim seus gestos falam por si. Quando alguém calado lá em seu canto chega a você e pergunta se o ônibus já passou, muitas das vezes se quer saber não só isso, mas se quer conversar sobre o aumento da passagem, a precariedade do serviço e uma infinidade de coisas que nós diariamente nos fechamos para ouvir. Geralmente se o interlocutor é respondido, o é feito de maneira monossilábica e mais rápida que a velocidade da luz. Eu estou seguindo na contramão nessa história e sem medo de bater o carro, mesmo sabendo que nem sempre é bom ser tão falante porque a gente acaba sendo mal interpretado pelos outros. Mas eu continuo seguindo a direção contrária, porque mudar o meu eu para agradar alguém é coisa que eu não faço.
“Quem não se comunica, se trumbica...” (Chacrinha)
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