O fim que não acaba
- Em que instante as coisas mudaram? Perguntava ela.
- O problema está em mim! Dizia ele com o clássico dos términos de namoro.
As ligações se tornaram convenções, ficou naquela de “só ligue se tiver vontade, só venha se quiser me ver” da letra da música de Nando Reis, e com isso a cada dia parecia que se jogava uma pedra de gelo na lareira que era o amor dos dois. Os “eu te amo” se tornaram acordos, talvez para tentar reafirmar um ao outro que se gostavam com a mesma intensidade de outrora. Não faziam mais planos juntos porque as suas atividades diárias sufocavam até os poucos e espaçados momentos em que se encontravam.
- Quando vamos nos ver? Indagou ele.
- Em breve! Disse com voz cortante.
Mas o breve não é uma data no calendário...
- Vamos terminar então?
- Acho que já tínhamos terminado!
- Então vamos voltar?
- Vamos!
E a partir daquele dia viveram inícios de namoro durante o dia e términos durante a noite. E se amaram até a eternidade dos seus dias.
Poderia acabar de maneira triste? Sim, poderia. Mas prefiro acreditar que quando tudo se encaminha para o óbvio, uma só coisa por mínima que seja é capaz de fazer tudo mudar.
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