Ela


Tinha todos os sonhos do mundo e não tinha sonho algum, na verdade sonhara em ser ela mesma, um conflito, um rito, uma visão. Naquela manhã de outubro, no alto de um salto 15, ela andava apressada, usando um short jeans folgado com pequenos rasgos e tachinhas, como manda a moda atual, e uma camisa de alfaiataria preta. Corria atrás de seu destino, assim, sem bolsa, sacola ou mala em nenhuma das mãos, só a vontade de ser ela e mudar a sua atual condição de vida. Certa vez me confidenciara em uma conversa no Café da esquina: - Minha vida aqui já deu, está na hora de recomeçar! Ver outras pessoas, outro lugar, outras oportunidades! Bater asas, sabe? Apenas assenti com a cabeça, afinal aquela alegria era tão contagiante e tão radiosa que não queria estragá-la com minhas palavras nem sempre otimistas.
 Ela não satisfeita pediu minha opinião:
- Por que tá tão calado?
- Não dá pra competir com a sua alegria.
- O que você acha disso tudo?
- Vá. Pé parado não leva topada!
E ela se foi. Sinto uma pontinha de saudade admito, mas saudade nenhuma se compara com a felicidade que vai ao peito dela.

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