A caixa
E quando der meia-noite, por uma brecha entre o
barulho dos fogos, os telefones irão tocar. Pessoas que estão (por algum
motivo) distantes irão desejar coisas boas. O poder de um dia que acaba. E
enquanto lágrimas sem sentido caem: misturadas com o champanhe barato: iremos
retirar de fundo do armário a caixa prateada com os dizeres "Para o ano
que nasce" em letra caprichada de caligrafia. E de lá tiraremos as grandes
e as pequenas promessas. Ponderaremos aquilo que foi conquistado. Tiraremos o
pó daquelas que não realizamos para que sejam renovadas. Desistiremos de
outras. Mas teremos orgulho daquelas pequeninas, e belas, promessas que foram
cumpridas. Estas são as que colaremos na roupa e com elas bailaremos -
esperançosos - com a coisa viva que renasce nesse novo dia. É que ainda é
primeiro de janeiro. E os corações batucam com fé. É que o ser humano tem esse
dom - ancestral - de saber quando recomeçar.
Caio Augusto Leite
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