Jornal de amanhã
Extra, extra!
Estão impedindo as pessoas de amar! – era o que dizia as manchetes de jornais
naquele dia fatídico de março. Como assim? – pensei. Levantei ainda com o
burburinho das vizinhas lá fora comentando o caso, fui ao banheiro, lavei o
rosto, escovei os dentes e fui até a sala para ver alguma notícia sobre aquilo
na televisão. E era tudo verdade. Alegando que o amor era algo visceral e
deixava os seres humanos idiotas, alguém no Congresso, em uma dessas pautas
representativas que não representa ninguém, impediu que todas as pessoas de
todas as orientações sexuais deixassem de amar com a pena de alguns anos de
reclusão ou até execução pública.
Então num
levante abissal, muito maior que as Diretas e o do Impeachment, toda a
população saiu às ruas protestando contra esse abuso de poder. Em todo o país, houve
“beijaços”, panelaços, caminhadas, mobilizações, porque simplesmente as pessoas
queriam ser livres para expressarem seus sentimentos. O autor da lei foi
deposto, a comissão fechada por tempo indeterminado, e, todos comemoravam a
superação do susto que tiveram em pouco tempo.
Seria bonito
se todas às vezes as pessoas lutassem por um interesse em comum. Que deixassem
de olhar pro seus umbigos e mostrassem a cara em prol de todos. Não somos
fragmentados em raça, sexo, sexualidade, raça, idade, religião, limitações,
somos todos iguais, somos todos irmãos. Moramos num mesmo lugar, sob o mesmo
céu e em cima da mesma terra. Não devemos esquecer que vermes nos comerão da
mesma maneira, que nossos órgãos e nosso corpo entrarão em processo de
putrefação igual ao daquele rico ou daquele mendigo. Deus nos fez diferentes,
mas semelhantes, para nos completar e não julgar.
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