Mudança de rota
Depois de alguns anos a gente começa a
perceber os defeitos do outro e escolhemos sempre, em qualquer momento do dia,
todos os dias, entre abandonar o barco ou ficar, mesmo que ele comece a dar
sinais de que alguma coisa já não é mais o mesmo. As velas, a proa, a
tripulação, parecem estar corroídas pelo salitre que destrói de maneira quase
imperceptível as coisas. As pessoas talvez mudem com o tempo, dizia a mim mesma.
E a gente muda junto e com essa coisa cíclica e incerta não encontramos mais as
versões que outrora havíamos esbarrado. Talvez os nossos eus não se topem mais e tenham ficado em um passado em que nós não
vestíamos essa carcaça aqui.
“Quando acordei hoje de
manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então...”
Alice, no final das contas, não era tão “Alice” assim!
Júlia Siqueira
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