Leituras vazias
Parei de ler
comentários nos sites de notícias. Nem com todo o antiácido do planeta colocado
em uma enorme jarra e sorvido de uma só vez consigo fazer a digestão de tanta
asneira e tanta falta de humanidade. Essas últimas semanas têm sido de tiro,
porrada e bomba e parece que já vivemos o suficiente em pouco menos de dois
meses (e sofrido também). Difícil entender como esse mundo tem se apresentado
para nós, mas é compreensível até certo ponto dado a forma como as pessoas tem
agido.
Uma mulher é
espancada por longas horas e tem o rosto desfigurado por um criminoso. A
culpam. Como uma mulher “daquela idade” leva um cara mais novo para casa? Pediu
para apanhar mesmo! A apontam, mesmo sendo ela a vítima. Matam sua dignidade
com mínimas palavras. Em um outro momento noticia-se a traição do marido e acusam
a mulher que supostamente é o pivô da separação. A responsabilidade não era do cônjuge?
Não! Aparentemente era das mulheres em
seu redor, que precisam entender que ele é casado. E não falamos ainda dos
julgamentos pelas roupas, do assédio diário e dos estupros. Nossas mulheres têm
sido as grandes vítimas e, contraditoriamente, as maiores culpadas. Mas não
apenas elas. Nossas crianças, as pessoas em condições de fragilidade
financeira, os idosos, os deficientes físicos. Nós, nesse mundo precisamos de
amparo. Precisamos uns dos outros, necessitamos de empatia e de afeto
cotidianamente, de achar um pouco de alegria em meio a tanta tristeza que tem
assolado os nossos dias.
Por isso,
parei de ler comentários nos sites de notícias e, em seu lugar, passei a orar
mais. Quem sabe a minha oração ajude. Acredito que o mundo precisa mais do meu
amor do que a leitura vazia de comentários ruins.
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