Um dia


Um dia eu deixei que as pessoas dominassem meus pensamentos de tal maneira que eu não sabia se pensava por mim ou eram minhas ações o reflexo do pensamento dos outros.
Um dia permiti ser o padrão alheio. Cortaria minha própria orelha para que acabasse agradando seja lá quem for que tivesse me dito numa esquina qualquer que ela era grande demais ou pequena demais. Fiz inúmeras dietas, me exercitei de todas as formas, li livros que jamais leria, ouvi músicas e fui a eventos que hoje me causam raiva ou tédio. Tentava ser o padrão inalcançável de alguém, sem entender que não preciso agradar o senso estético de todas os seres que habitam o planeta Terra.
Um dia eu achei que tinha que fazer de tudo para sustentar um amor, então aceitei amar em dobro, em triplo se necessário e de amar demais acabei não amando a mim mesmo, esse ser que convivo desde quando abri os olhos para essa existência.
Um dia acreditei que a felicidade poderia ser a compra de um bem ou ir à uma festa em que estariam todas as pessoas importantes. Hoje entendo que ser feliz é estar de bem consigo enquanto assiste alguma série na TV, deitado na cama que não foi desfeita e com o pijama como vestimenta real.  
Um dia pensei que não seria o que sou hoje, que não conseguiria estar onde consegui. Um dia, duvidei da minha capacidade de ser eu. Um dia... Hoje, não mais!


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