Livre, livre-se.
Quando eu era adolescente, acreditava que uma
pessoa era bem-sucedida somente quando ela possuía um emprego estável, uma casa
própria e um carro na garagem. E filhos, sim, todas as pessoas de sucesso
tinham muitos filhos e animais de estimação. Um comercial de margarina.
Enganei-me, romantizei demais a vida. Com quase trinta e Saturno retornando sei
lá para onde sei que o sucesso de alguém se condiciona a ela estar feliz em qualquer
lugar que ela queira.
Alguém pode ser feliz e realizado montando de um negócio
numa cidade minúscula do interior onde o canto dos pássaros é o maior barulho
que existe, ou ter alegria ao ganhar a vida tocando em barzinhos que recebem
poucas pessoas durante a semana, mas que lotam aos sábados e cagar para um
emprego formal e careta, e decidir que sua casa é onde se está e alugar um
micro apartamento onde tem poucos utensílios domésticos. Locomove-se a pé ou de
bicicleta, porque não se obrigou a convenção social de uma carteira de
motorista e acha que carros poluem demais o meio ambiente.
Uma pessoa realmente feliz pouco se importa
com a carreira imaginada pelos outros para ela. Ela pega todas essas opiniões e
descarta sem a oportunidade de reciclá-las. Dança conforme sua própria música e
no seu ritmo. Um tango de Gardel cheio de nuances, uma montanha-russa de parque
falido. Livre. Coração aberto para o que vai chegar, uma novidade assustadora a
cada instante, um frio na barriga que impulsiona para fazer o que ainda não foi
realizado. Livre.
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