Nova versão de mim



O sol já não parece nascer com mesma intensidade. Os programas da TV parecem mais chatos que o habitual. As roupas parecem ter escolhido os tons de cinza, um desprazer monocromático pra qualquer olho. As comidas não tem sabor. Os sorrisos são todos banguelas e nem assim lhe faz achar graça alguma. Há uma névoa, um pensamento depressivo, uma vontade de suicídio. Será interessante continuar vivendo nesse mundo mesquinho e sem graça? – pensamento perene que lhe envolve a cabeça. O travesseiro, o grosso cobertor de lã e as roupas largas denunciam que nada vai bem, mas você entende que eles são as suas melhores companhias uma vez que as multidões que te cercam parecem animais vorazes nada acolhedores e prestes a te atacar a qualquer momento. Solidão, melhor definição para esse instante que demora de passar, sua imagem apática no espelho demonstra que não há palavra melhor para descrever-te.
Nada se encaixa como num jogo de Lego. Nada faz sentido. O que esperar de um futuro se vivo uma bagunça no presente e não sei o que foi meu passado? Fim da linha. O trem daqui não passa. Atiro-me nesse precipício? Não! Reajo. Junto todas essas lembranças que me atormentam e me fizeram aqui chegar e incinero-as. Novas roupas me caberão, novos sorrisos me encontrarão, novo rosto no espelho encontrarei, mas continuarei sendo eu, ali, fumaça de lembranças e renascendo para o que nem sei ainda, numa versão melhorada de mim. Sou forte, eu posso, eu consigo.



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