Que país é esse?
Os indígenas chamavam
de Pindorama, na certidão tem República Federativa do Brasil ou puramente
Brasil, mas eu não sei mais como chamar a nação que nasci. Tantas coisas
importantes a serem feitas e nós cruzamos os nossos braços pra discutir
besteiras. Nós, sim. Os políticos não são tão somente culpados pela nossa mania
arcaica de escolhê-los. E não reclamemos de falta de informação porque hoje ela
atinge a todos. Quantos mensalões, leis tortas, maracutaias, precisam acontecer
para que acordemos pra vida? Ou melhor, quando acordaremos pra vida? Se é que
já não estamos todos anestesiados pela gana de galgar um lugar ao sol ou loucos
para fazer parte de toda essa sujeira. Dá nojo.
Hoje
levantando da cama, clamando para que seja um dia melhor, Murphy sobrepõe os
meus desejos pela força de sua lei cortante. Tudo que está ruim sempre pode piorar.
O deputado Marco Feliciano, agora inventou de criminalizar a heterofobia. Como
assim? Tentei vislumbrar as seguintes situações: – Olha, você está sendo despedido do emprego porque
você é hétero e nós não toleramos nessa empresa este tipo de comportamento, ou
melhor alguém passa na rua e grita: - Ei, seu heterozinho! Herege, você vai pro
inferno! Até agora não entendi o princípio de tal projeto. Mas como tudo sempre
pode ser pior, uma outra notícia dá conta de que um outro deputado, que me foge
o nome da cabeça, decidiu criminalizar a morte de animais durante os
sacrifícios do candomblé. Será que acham que todas as galinhas, seja de granja
ou caipira, para serem consumidas se espera que elas morram de causas naturais?
Não existe
coisa melhor pra esses políticos pensarem? E as fiscalizações dos projetos de
lei emperrados porque o dinheiro público está sendo destinado para outros fins?
E as farras, o nepotismo, as irregularidades não são mais urgentes do que
criminalizar banalidades? Parafraseando Cazuza, Brasil sua cara é de corrupção
e ignorância, e quem paga pra gente ficar assim somos nós mesmos que somos tão
sujos quanto os que estão nas assembleias e ministérios. Com tantas dessas, me
dá vontade de rasgar meu titulo de eleitor, mas ainda o considero minha maior
arma. Acordemos!
Temos a nossa responsabilidade em todo processo em que o homem se enquadra. O problema é que nos acostumamos a projetar a nossa responsabilidade para outras figuras (políticos, padres, heróis, e por aí vai). Enquanto nos preocupamos em ter o nosso lugar ao sol muita coisa acontece por aí. Uma PEC 37; Mensalões; políticos ficando milionários com o Programa Minha Casa Minha Vida; pastores manipulando a fé do povo; os falsos heróis de chuteiras e bola no pé; a mídia que se esforça em fazer o povo saber o que ela quer. Entretanto, uma coisa me amedronta: poucas pessoas se importam com tudo isso... Nietzsche ainda nos lembra que muitos preferem fazer a vida passar. Isto tudo é muito triste para não dizer trágico.
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