Narciso
Eu vivi ou
vivo? Não sei... Eu reclamo todos os dias de minha vida e me prostro esperando
uma intervenção divina sobre ela (mesmo não crendo em Deus). Um trabalho
melhor, pessoas que sejam minhas amigas, dinheiro suficiente para não me
lamentar pelos cantos e uma droga qualquer que me faça ter lapsos de alegria.
Eu vivo? Não sei. Estou vivo, acredito.
Eu amei. Uma,
duas, dez. Em cinco dias amei três pessoas, mas elas não correspondiam aos meus
interesses. Depois da conquista fiquei entediado e perdi o interesse. Mas quero
me relacionar, preciso, ainda que eu saiba que vá existir uma frustração ou
outra por conta do meu temperamento narcisista não declarado. Eu preciso de
alguém... Alguém que preencha e atenda todos os meus pré-requisitos mal
formulados.
Eu sou
autossuficiente. Ergui muros diante de mim que me blindam contra o mal,
maldigo, mas não tolero que falem de mim. Sou o bastante, mesmo que em mim haja
a necessidade de aplausos e aprovações, elogios e concordâncias, afinal minha
estima é baixa e isso me enaltece entre os demais.
Eu não sou,
mas sou. Meu ego é o espelho de Narciso, onde o meu reflexo é também minha
danação. Minha beleza é externa, meu ser é passageiro. Eu sou tudo e sou nada.
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