Sobre viver e mudar
O homem
primitivo era aventureiro. Nômade, ele buscava melhores condições de vida em
lugares inusitados, e dessa necessidade ele atingiu lugares nunca imaginados,
ocupando a vasta extensão territorial da Terra. Mas esse homem antes desbravador
começou a ficar preguiçoso (sedentário seria a palavra mais correta), a
agricultura e a criação de animais o havia deixado estável, não precisando mais
correr riscos e percorrer grandes distâncias para que a sua fome fosse
resolvida. Então ele viu que deveria viver sua vida para o amanhã, pensando num
futuro que por vezes não viria, investindo em construir um império seguro
diante de si, mesmo aqueles mais miseráveis pensavam no porvir.
Mas que é que
nos dá segurança? Um emprego estável, pessoas em quem confiar, um imóvel quitado
e um carro com prestações prestes a serem pagas, um plano de saúde e um seguro
de vida caríssimo? Essa é a nossa meta de vida? Ficar no esquema trabalho –
estabilidade – salário – trabalho? Planejar um futuro do qual nem sabemos se
iremos usufruir dele?
É, nossa vida
tem sido assim. O espírito aventureiro de outrora foi enterrado por inúmeras
camadas de sedimentos, e passamos a vida inteira preocupados com o futuro. Este,
portanto, foge de nossa alçada, de nosso entendimento, de nosso planejamento. O
futuro é uma fábrica de surpresas e tem ele nas mãos aqueles que têm a capacidade
de eternamente ousar e ser diferente. Ousemos, mudemos, a vida é surpreendente
quando não se está do lado da plateia.
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