E isso apenas bastava.

Lembro-me dos gritos de minha mãe. Lembro-me do cuidado excessivo de minha avó. Lembro as raivas silenciosas de meu avô. Dado um momento, achava que aqueles excessos impediam-me a liberdade e a vontade de crescer. Lembro-me das incontáveis noites mal dormidas de minha mãe esperando-me chegar da faculdade, fora as tantas noites nas quais minha avó, entre Ave Marias cochiladas, me aguardava chegar de alguma festa. Recordo ainda de tantas vezes que me reprimiam de maneira enérgica em uma cena épica e digna de ter sido exibida em qualquer novela do Manoel Carlos. E tudo isso hoje me basta. Me basta para entender que o amor às vezes é chocante, é cuidadoso, que o amor adora advertir, reclamar, cuidar.
Hoje me satisfaz saber que eles davam seu amor sem saber como dar. Amava-me apenas. E isso é o bastante para entendê-los.

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