Lembrem das crianças de Gaza
Minha infância
foi roubada por uma bomba "amiga". Nasci entre corpos mutilados e pessoas
ensanguentadas ali naquela guerra que eu não sabia a razão de existir. Chorei
alto para que o meu choro suplantasse os bombardeios na casa de meus avós como
se prenunciasse a nossa despedida quando deveria ser o nosso primeiro contato.
Corria com medo pelas ruas desertas. Era refugiado, sem pátria, sem um lar para
chamar de meu. Um dia morávamos nos arredores de Rafah em outro não sabia
pronunciar o lugar pra onde ia. Não tive amigos, porque não tive raízes, não
tinha com quem brincar, pois minha mãe pouco deixava sair. Perguntava a ela o porquê
de tantos tanques na fronteira, certa vez, e ela disse que eram vigias a nos
espreitar. E o que fizemos de errado? – questionava. E ela, olhos marcados pela
dor e conformidade de quem também entendia pouco de tudo isso, apenas sussurrou
entre dentes: - Nascemos aqui.
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