Ela caminhava como uma confiança desconcertante. Por fora, nada de padrões estéticos que a sociedade se orgulha de ostentar, muito pelo contrário, tinha os cabelos presos por uma caneta esferográfica verde levemente roída nas extremidades, usava um vestido puído e um casaco de moletom surrado, além de ter os tênis sujos de terra e as unhas por fazer. Desleixo, era a sua imagem. Será que ela quer passar essa imagem para nós? – pensei. Era notório o julgamento alheio, contudo ela se mantinha altiva, como quem tem a segurança de saber quem realmente é. Estava sentado ao fundo da lanchonete, próximo a janela, quando ela atravessou a rua e entrou no mesmo lugar em que me encontrava. Pediu um lanche, sob os olhares curiosos das pessoas que ali estavam, enquanto escolhia algumas outras coisas. Ela chocava e espantava as pessoas com o seu jeito de quem desistiu de viver para agradar as pessoas, a mim, porém, causava fascínio. Como alguém pode assim, de uma vez só, enfrentar o mundo? Como