De volta
Talvez eu não
quisesse mais escrever.
Passei um bom
tempo procurando meu eu escondido entre os escombros e pedaços de algum
material orgânico que jazia nessa casa que sou.
Talvez não
quisesse mais viver aquilo que era. E o que era? – pergunto-me. Não sei
responder. Por isso parei de rabiscar palavras que iam ao meu coração,
precisava me reconectar comigo, como se houvesse tido um órgão transplantado e
o médico precisasse ligar todas as veias e artérias para fazer toda engrenagem
funcionar novamente.
Eu era uma
máquina quebrada que precisava de um conserto. Acho que ainda preciso de óleo entre
os parafusos que se conectam a mim, mas no geral a aparência está bem melhor do
que antes, de forma que posso mentir para os transeuntes que está tudo em
perfeita ordem depois do tradicional bom dia que proferimos um ao outro.
Talvez eu não
quisesse mais escrever, mas enquanto o cursor pisca na tela do Word reflito
que eu precisava voltar urgentemente a fazê-lo.
Que bom que voltou!
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