O restaurante lotado e nossas relações vazias


Hoje presenciei uma das cenas mais patéticas desse nosso mundo pós-moderno. Estava almoçando em um restaurante, que por sinal estava bem lotado, quando um rapaz se aproximou da mesa de uma mulher num claro sinal de que iria se sentar ali, pois o lugar estava vago. Iria, do verbo não se sentou, pois, pasmem, a mulher fez uma cara das mais odiosas possíveis e apenas com o olhar conseguiu repelir o moço que ficou novamente sem encontrar lugar. Sim, prato na mão e sofrimento estampado na face, ele buscava um espaço onde pudesse comer em paz.
Quatro mesas depois tinha um casal numa mesa conjugada. Eram duas mesas unidas e quatro cadeiras dispostas. Ao se aproximar o amigo/ marido/ amante/ namorado empurrou a mesa desocupada ao lado deles para que o rapaz a usasse e pudesse ali comer. Obviamente que não com eles, uma vez que se levantaram e trataram de pagar a sua conta, rapidamente. Sim pessoal, hoje vi que temos nojo de gente.
Por que este rapaz não poderia se sentar com um desconhecido para almoçar? Não podemos criar um ambiente tranquilo e conversar com alguém além de nossos laços de amizade? Isso é um crime contra quem?  E essa mesma sociedade reclama que as relações estão frias, que as pessoas não se conhecem mais, que estamos correndo para aplicativos para conhecermos pessoas e nos relacionar com elas, que nos tornamos pessoas frias e não sei mais o que, e na primeira menção a um contato mais próximo, o pânico toma conta de nós a ponto de repelirmos o outro como se tivesse algo contagioso. Onde foi parar a nossa sensibilidade e a nossa empatia? 
Bauman que nos ajude!




P.S: E sobre o rapaz ou qualquer outra pessoa que esteja num restaurante cheio, numa próxima convido ele (s) para sentar (em) à minha mesa, porque hoje ela estava cheia também. 


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