Escrevo-te


M.,

Hoje não choveu, embora desde cedo uma nuvenzinha chata insistisse em esconder o sol de nós. Calor fez em demasiado, mas o dia foi triste, como são costumeiros os domingos nublados. Como estão as coisas? Espero que tudo dentro dos conformes. Essa noite me lembrei de você e, por isso, decidi me sentar à frente desta máquina de escrever e lhe redigir essa carta. Ontem ouvimos o novo LP do Toquinho, como ele tem uma voz melodiosa e harmônica, lembramos de ti e do fascínio que nutres por sua música.
Mas isso não é o que venho dizer-te aqui. Tenho acompanho suas lutas, mesmo ao longe, e vejo o quão tem esmero e dedicação com o que fazes, embora não haja reconhecimento em tanto. A vida é assim, há pessoas medíocres e brilhantes, e tu estás entre o rol das pessoas que brilham. Oxalá todos pudessem ver a grandiosidade do outro e pudesse, assim, dar-lhes o devido valor, mas vivemos tempos difíceis, fundado no egoísmo cego e na falta de empatia.
Então erga essa cabeça e seja capaz de observar o tamanho de suas conquistas. Olhe para trás e veja o quanto tu conquistaste. E siga em frente com a certeza de que o melhor se descortina adiante. Certo?
Dizendo isso, colocarei Milton Nascimento para tocar enquanto bebericarei o vinho que me destes de presente. Beba junto comigo quando receber essa carta. Espero que o serviço de Correios e Telégrafos, não demore demasiadamente a lhe entregar-te essas linhas.   Espero logo ver-te feliz em poucos dias.
Até logo...


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