Bem vindos ao Brasil



Corria o ano de 1500. Vivíamos em paz coletando, caçando, vivendo para si próprios e em prol da comunidade. A natureza reinava por essas bandas do Atlântico, tudo era de um deslumbre e perfeição que parecia que Deus escolhera esse lugar pra morar. Mas como nem toda alegria é eterna, num dia quente de abril, chega neste lugar pessoas estranhas, com roupas longas, fala difícil, sentindo-se os donos do pedaço. Deram um nome a nossa terra (como se não houvesse um), nos apelidaram com um nome estranho, rezaram para o Deus deles e tomaram aos poucos o que era nosso.
Anos depois outros vieram. Gente esquisita de outros lugares da Europa cada um querendo uma parte do bolo, gente que sofreu como a gente já havia sofrido e que vinha da África trabalhar, trabalhar e trabalhar. Fizeram uma bagunça com o que antes era tão simples e tão organizado. Tornaram o nosso refúgio a casa da mãe Joana, onde todos entram sem bater e não se tem um pingo de educação e cordialidade com os moradores. 
Hoje, mesmo com tantos pesticidas não conseguimos exterminar os ratos do governo, não conseguimos fazer valer a nossa luta, fugindo dela por vezes e não honrando o nosso hino, continuam a  mentir pra nós descaradamente e mesmo assim a idolatramos certos “santos políticos”. Mas não pensem que aqui é de todo ruim não... temos Carnaval, futebol, campeonatos esportivos em que por vezes somos o primeiros, não é pra se orgulhar? Não! Afinal temos uma comunidade que precisa de um comercial de televisão pra entender que não se pode urinar nas vias públicas. Lamentável.
E pra quem acha que isso tudo é muito fantasioso e somos melhores que tudo que foi aqui exposto, acho que vocês não moram no mesmo lugar que eu, devem estar perdidos junto com Alice no País dos Espelhos e assim só conseguem enxergar a imagem que querem. 
Paciência. Sejam bem vindos ao Brasil!

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