Mergulho em mim


“Conhece-te a ti mesmo”, era o que estava escrito no Oráculo de Delfos na Grécia, mas não precisei ir tão longe para saber o quão essencial e forte é essa máxima. Então, pé ante pé encaminhei-me para a ponte do que os outros conheciam ao meu respeito para dali saltar na vastidão das águas do desconhecido que sou eu. Não levava comigo roupa especial, oxigênio reserva – talvez até precisasse em alguns momentos – apenas a minha vontade de atirar-me neste deserto habitado de águas caudalosas e calmas. Imergi. Desliguei-me do mundo, das vozes exteriores, dos estardalhaços rotineiros que me consomem. Andei por lugares fantásticos, outros inóspitos. Casas com paredes coloridas e quinquilharias destroçadas jogadas pelo caminho. Jardins de alegrias samambaias e dores de raízes profundas.
Era um lugar labiríntico e ao mesmo tempo espaçoso e aberto como campos de futebol. Permaneci ali, estático, por horas, dias pensei, no entanto tudo ocorrera em apenas alguns segundos. Voltei. Mergulhei em mim e ao retornar só tinha uma coisa em mente. Agora eu sabia o que precisava exatamente para organizar a bagunça vista.  

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